Sep 26 2008

Do desktop para a web. Bom ou mau?

Published by Bruno Miguel under opiniões

As aplicações estão a tornar-se cada vez mais populares e é quase um facto que, dentro de algum , elas serão tão populares como as aplicações locais (ou de desktop, se preferirem). Isto é prático porque, independentemente do sistema e do local, a aplicação, à partida, mantém o mesmo e só necessita de um browser para ser acedida.
Mas também levanta algumas preocupações, como a impossibilidade de distribuir e alterar essa aplicação de acordo com as nossas necessidades, e a informação inserida nessas aplicações, em boa parte dos casos, nunca ser realmente nossa. Basta ler os termos de serviços e as políticas de para constatarmos isso. Dou um exemplo: o DropBox. De acordo com os termos de deste - passo a redundância - , eles podem vender todos os que inserimos na nossa se precisarem do capital dessa venda para não encerrarem a actividade. Podemos encriptar os , mas isso não é garantia absoluta.

As aplicações são práticas. Podemos aceder a elas em casa, no trabalho, em casa de amigos, num cyber café. Podemos aceder em qualquer lado, só precisamos de um gadget - um simples telemóvel basta - e acesso à net. Não temos que as manter, , nada. É só usar e já está. Bom, não é?
Não necessariamente. E a nossa ? Se essa aplicação for proprietária, voltamos ao mesmo: não a podemos alterar e nunca sabemos se essa aplicação faz algo mais do que devia, como recolher informação sem autorização. Isto não é paranóia, acontece mesmo. Recordam-se daquela aplicação que permitia fazer uma cópia local dos emais da nossa do Gmail? Ela, secretamente, enviava as passwords introduzidas para a de do seu criador. Como era uma aplicação proprietária, era difícil alguém saber o que ela estava a fazer. Alguém acabou por descobrir e viu que o era um lobo com pele de cordeiro.
O proprietário, seja ele para o desktop ou para a , não levanta só problemas de ordem social: também é uma boa fonte de insegurança porque ninguém, para além de quem desenvolveu a aplicação, sabe o que ela realmente faz. Tanto quanto sabem, uma aplicação proprietária pode apenas fazer o que alega ou até roubar informação sensível do vosso , como passwords e números de cartões de crédito e respectivos pins.
Outro problema é a portabilidade da informação. Se um fechar, como iremos nós fazer uma cópia dessa informação? E mesmo que consigamos, será que ela vai estar num formato proprietário que ninguém sabe como aceder? Se usarem um formato , esse entrave desaparece, mas outro aparece: uma possível (digo possível porque não sei até que ponto essa violação existirá depois da empresa fechar portas) violação dos termos do que tínhamos aceite.

Felizmente, as aplicações não têm que ser proprietárias. Basta escolher uma que permita que ela possa ser distribuída, alterada e usada para o fim que vocês bem entenderem. Uma dessas é a AGPL, uma da GNU General Public License criada com as aplicações em mente.
De acordo com esta , todo o deve ter uma forma de mostrar aos utilizadores o seu código-fonte. Normalmente, é uma link onde clicam e aparece o código-fonte dessa página. O de microblogging, Identi.ca, está licenciado sob a AGPLv3 e o seu código pode ser descarregado livremente ou visto no próprio .
As aplicações para a seguem um pouco a ideia do OpenPGP - a web of trust (ou de confiança, em ). Ao mostrar o código-fonte, os criadores da aplicação estão a dizer aos utilizadores que não fazem nada no escuro, que são pessoas de confiança. Ao usar aplicações regidas por uma , os utilizadores estão a retribuir essa confiança. A confiança é recíproca e todos sabem o que se passa, como num