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Jun 10 2008

Entrevista com Ricardo Lobo

Publicado por João Matos em entrevista
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Vamos iniciar no PL um conjunto de alterações editoriais que irão notar conforme formos publicando mais novidades.

À terça-feira será publicada uma com uma personalidade influente na comunidade de software livre portuguesa.

Esta semana o entrevistado é . Membro fundador da Associação Ensino Livre e Audiência Zero.

[Programas Livres] Fala-nos um pouco sobre ti. quem és tu, de onde vens.
[] , 28 anos, 1.80m de altura. Mais… estou ligado à Audiência Zero e à . A minha área de formação é… Ciência e Filosofia Política!! Tem tudo a ver com Software Livre! Estou ligado a projectos associativos / partidários, etc… desde os 14 anos, é o que eu gosto de fazer. O meu principal interesse são mesmo projectos culturais, e é o que eu faço desde 2002. Vivo na Maia, mas os meus projectos têm como base Matosinhos.

quote Entrevista com Ricardo Lobo

[PL] Como começaste nestas andanças do software livre?
[RL] A minha ligação ao software livre não é muito antiga, e advém sobretudo da prática. Dentro da Audiência Zero, e por influência de alguns associados, começamos a utilizar software livre no nosso dia-a-dia, em coisas tão básicas como browser, cliente de email, fóruns, sites, mailinglists, etc, etc… Depois tivemos a ideia de avançar com workshops em áreas criativas, porque desde o início considerávamos que a formação é a base de uma associação, mas havia um grave problema, licenças. Como instituição não queríamos recorrer à pirataria, e por isso, decidimos experimentar o software livre e ver se funcionava dentro dos nossos objectivos. Ficamos totalmente convencidos de que era o melhor caminho, sobretudo porque podemos partilhar conhecimento com toda a gente de forma legal e livre. Para mim a questão da liberdade de transmissão de conhecimento é mesmo o ponto que interessa, para mim o software livre é partilha de conhecimento, a questão do preço é realmente secundária, embora positiva, claro.

[PL] Em que projectos participas?
[RL] Neste momento participo em dois projectos, que na realidade são duas associações, a Audiência Zero e a . Sou fundador de ambas as Associações. A primeira foi fundada em 2006 e a segunda em 2008. Na primeira assumo o cargo de Presidente e na segunda de Tesoureiro. Existe uma cooperação estreita entre as duas, mas são entidades completamente diferentes e independentes. A Audiência Zero é uma associação cultural, tem como propósito a formação, a criação e a produção cultural. Fazemos de tudo um pouco, desde produção de eventos, a cursos, workshops, criação própria, etc… A sendo mais recente tem menos historial, e a nível de objectivos centra-se apenas na promoção do software livre no sistema de ensino, desde o básico ao universitário.

[PL] Qual é a tua motivação?
[RL] A minha motivação é totalmente egoísta, não me revejo em grande parte das características da sociedade em que vivemos e no pensamento que domina. Por essa razão tento fazer o que está ao meu alcance para lutar contra aquilo que me desagrada, nesse processo fico contente com as pequenas vitórias que se vão conseguindo. É por isso que os meus projectos se centram na criação de comunidades, com regras e ideias próprias. Acho que cada um deve procurar criar algo com que se identifique. O software livre neste aspecto é, para mim, um fim e um meio. Um fim porque tem uma ideologia própria, e um meio, porque é uma ferramenta que nós utilizamos para atingir outros objectivos.

ensino livre

[PL] Quais são os objectivos da Associação ?
[RL] Como já referi brevemente, o objectivo da associação é promover o Software Livre no sistema de ensino, desde o ensino básico ao universitário. A ideia é promover o Software Livre junto de instituições públicas que têm muito a ganhar com a sua utilização. Na nossa opinião existe um grande desconhecimento em relação às aplicações livres em todo o lado - e nas escolas em particular - e temos como o objectivo diminuir esse desconhecimento. O desconhecimento é o grande obstáculo à adopção do software livre. A aposta nas instituições de ensino prende-se com o facto de estas serem centros de conhecimento e de serem responsáveis por formar os cidadãos.

[PL] Porque é que eu deveria tornar-me sócio?
[RL] É uma pergunta que me é colocada frequentemente em relação às duas associações a que pertenço, porque em ambas as associações o objectivo não é orientar as actividades para os associados. O estímulo para alguém se tornar associado não são as vantagens directas que decorrem desse estatuto, não temos descontos ou o quer que seja. A ideia é de participação cívica. Consideramos que a associação persegue objectivos de utilidade pública, que são benéficos para a sociedade como um todo, e não apenas para o conjunto dos associados. Quando alguém se torna associado o que está a fazer é identificar-se com os objectivos e a quota que paga apenas quer dizer isso, que apoia a associação. Na realidade é assim que eu considero a relação ideal entre associado e associação, pois para mim, trocar algum tipo de regalia directa e individual pela quota de associado, é o mesmo que uma transacção comercial, e para transacções desse tipo temos os mercados, não precisamos de associações. Em suma, todos aqueles que se identificam com os objectivos da associação deveriam ser associados, idealmente, deveriam ser associados activos, sob pena das suas acções estarem aquém daquilo que dizem e defendem.

audiencia zero

[PL] Que Workshops costumas fazer? Porque escolheram faze-lo em aplicações livres?
[RL] Em relação a Cursos e Workshops há que diferenciar aqueles que eu oriento na Audiência Zero e aqueles que oriento na . Na Audiência Zero temos cursos e workshops em áreas criativas e tecnológicas, desde o áudio, à fotografia, programação gráfica, web, etc, etc… Todos estas iniciativas recorrem ao software livre. Na realidade só avançamos para este projecto porque estavamos confiantes nas capacidades deste software. O público destas actividades são os adultos. Eu pessoalmente trabalho com áudio, imagem e programação web. Na organizamos workshops nas escolas para os alunos, são workshops mais curtos e mais específicos. São workshops gratuitos que só são possíveis realizar com apoios. Aqui o objectivo é potenciar a criatividade dos alunos com recurso a software livre, o software é apenas ferramenta.

[PL] Quanto tempo reservas para estes projectos? Como é que consegues conciliar estes projectos na tua vida?
[RL] A minha vida são estes projectos, sendo que a Audiência Zero ocupa 90% do meu tempo – e não sobra tempo para mais nada. Tenho uma tese de mestrado suspensa por causa disto. Portanto, não são conciliáveis com outros projectos de vida quando levamos isto a sério. Ou então, é um defeito meu.

[PL] O que pensas da comunidade de software livre em Portugal, do seu presente e futuro?
[RL] Não tenho grande opinião sobre a comunidade, na medida em que não faço grande força em participar nessa comunidade porque não vejo estrutura, e eu não consigo viver sem ela. Conheço bastantes pessoas que promovem o software livre há muitos anos e, algumas dessas pessoas conhecem o meu trabalho. Como disse, a minha relação com o software livre é recente e é muito prática. De qualquer forma acho que está a faltar um pouco de acção e direcção, há muita gente a falar, mas não são muitos a fazer. A nível de futuro, penso que temos boas perspectivas em todo o lado e em Portugal não será diferente, por certo.

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2 respostas para “Entrevista com Ricardo Lobo”

  1. Francisco Costa | 10 Jun 2008 - 11:16 |

    Também sou da Maia e trabalho em Matosinhos :)
    Aliás.. mudei de emprego para Matosinhos em busca de conhecimentos em PHP.
    Identifico-me cada vez mais com a filosofia OpenSource e como tal irei acompanhar o Audiência Zero que desconhecia!

  2. Bruno Miguel | 12 Jun 2008 - 23:29 |

    Uma entrevista simples e focada. Que venham mais destas. :D

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