Mar 17 2009

Governo finlandês recomenda a utilização de software livre na administração pública

Published by Bruno Miguel under notícias livres

Desculpem-me, leitoras e leitores do Programas Livres, mas neste preciso momento estou a roer-me de inveja. Tenho tanta que até fiquei mais verde que o Hulk. E acreditem que tenho bons motivos para estar assim, como vão ficar já a saber.

Então não é que o governo finlandês decidiu recomendar a utilização software livre na administração pública, sempre que possível (eu bem disse que tinha bons motivos para estar assim). O software livre que este governo utilizar terá que ter uma licença reconhecida pela OSI (Open Source Initiative). Isto abrange licenças desde a GPL à Apache 2.0, passando por uma série de outras, todas elas listadas em opensource.org/licenses.

Com isto, a Finlândia procura poupar dinheiro, ao mesmo tempo que ganha controlo sobre o software que utiliza e os dados que cria, e promove uma maior justiça e igualdade nos concursos públicos.

Se isto já era bom, ainda fica melhor (para os finlandeses, pelo menos). Para além de recomendar a utilização de software livre, salvo por razões de segurança ou privacidade, todas as alterações que o governo finlandês fizer a uma aplicação serão publicadas livremente. Também, os formatos livres passarão a ser os preferidos para guardar e trocar informação na Administração Pública deste país.

A mim, esta parece-me a única decisão lógica e racional. Não o fazer é comprometer a sociedade em geral. Guardar e trocar informação em formatos fechados compromete o acesso futuro - e até presente - a ela; usar software fechado coloca em causa a segurança e controlo das instituições e da própria democracia. Um viva para a Finlândia, mais um país a mostrar-nos como as coisas devem ser bem feitas.

O documento, originalmente escrito em finlandês, está disponível em inglês , graças ao Google Translate.

{via FreeSoftNews}

Relacionados

1 comentário

Mar 17 2009

DVL

“Linux” é vulnerável?
Completamente vulnerável?
Totalmente vulnerável!?

A resposta é afirmativa. Pelo menos num caso muito especial.

Para hoje trago uma das mais fantásticas “invenções” que alguém poderia imaginar para uma distribuição GNU/Linux e que, à partida, poderia deixar os mais crentes um pouco atónitos.

“Porque é que alguém se iria lembrar de colocar à disposição, de todos quantos queiram experimentar, uma distribuição “Linux” totalmente insegura”!?

Esta foi a minha primeira reacção quando conheci “Damn Vulnerable Linux” mas imediatamente mudei de opinião e ao longo destas duas semanas deu para apreciar a poderosa ferramenta que esta distro coloca ao nosso dispor.

Sem serem necessários muitos conhecimentos, bastando apenas seguir o “manual”, qualquer utilizador poderá aprender uma das áreas mais importantes da nossa cultura digital - segurança. Este “manual” é constituído por uma série de vídeos que a par-e-passo nos vão orientando para darmos cabo do sistema. Literalmente, darmos cabo do sistema, bastando para isso um simples registo após o qual terá acesso a estas vídeo-aulas.

Divirtam-se.

Relacionados

Sem comentários

Mar 12 2009

ISEP vai dar workshop sobre o uso de software livre

Published by Bruno Miguel under locais

No próximo dia 13 vai decorrer, no auditório do ISEP (Instituto Superior de Engenharia do Porto), pelas 14h30m, um workshot entitulado “O uso de software livre e aberto”. A entrada é livre.

O programa do workshop é o seguinte:

  • 14h30 Abertura dos trabalhos, J. A. Tenreiro Machado (ISEP)
  • 14h40 Software livre na perspectiva da gestão executiva, José B. Oliveira (ISEP)
  • 14h50 Linux: Distribuições e Interfaces Homem-Máquina, Pedro F. Assis (ISEP)
  • 15h00 UBUNTU Edição FEUP, Tito Vieira (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
  • 15h15 BioInformática Open Source: Do Genoma à Biologia de Sistemas Industrial, Rui Costa Martins (Universidade do Minho)
  • 15h35 Utilização integrada do OpenOffice em ambiente empresarial, em comparação com o MS Office, Angelo Martins (ISEP)
  • 15h45 Utilização de R (software de Estatística, Carla Pinto (ISEP)
  • 15h55 Software de Visualização (OpenDx, Paraview, Visit), Fernando Aristides Castro (ISEP)
  • 16h05 Ferramentas de backup, software para gestão de bibliografias (Zotero, JabRef, Bibdesk), uso de Live CDs/Pens USB, Paulo Ferreira (ISEP)
  • 16h15 MAXIMA: Álgebra computacional no ensino da matemática, Pedro Manuel Guedes (ISEP)
  • 16h25 GIMP (editar, retocar, reduzir imagens, etc), Audacity (editar ficheiros de som, fazer karaokes, etc), MPlayer (reprodução de vídeo), Grip e afins (converter CDs para MP3), António C. Costa (ISEP)
  • 16h40 Sun Virtual Box, Jing, Maria Isabel Martins (ISEP)
  • 16h50 Utilização das bibliotecas Numerical Python e Matplotlib para a representação gráfica dos resultados, Carlos Rodrigues (Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto)
  • 17h00 Octave, Raul de Medina Pinheiro (ISEP)
  • 17h15 Sage, Filipe Azevedo e Tenreiro Machado (ISEP)
  • 17h25 Discussão e encerramento dos trabalhos, António C. Costa (ISEP)

Apareçam.

Relacionados

Sem comentários

Feb 13 2009

Governo Cubano cria a sua distribuição de GNU/Linux

Published by Bruno Miguel under notícias livres

Se o software livre, entre outras coisas, nos permite usar uma aplicação e adaptá-la livremente às nossas necessidades, há que aproveitar isso. Foi o que fez Cuba, ao lançar a sua própria distribuição do sistema GNU/Linux durante uma conferência de tecnologia que decorreu na cidade de Havana.

Esta nova distribuição chama-se Nova. Ela surge da vontade em deixar o software Microsoft, uma empresa americana e por isso mal vista aos olhos do governo deste país. Para o regime Cubano, as agências de segurança norte-americanas têm acesso ao código da Microsoft e isso é uma potencial falha de segurança e uma ameaça.

Actualmente, 20% dos computadores de Cuba correm uma distribuição de GNU/Linux. Hector Rodriguez, reitor da Escola de Software Livre da Universidade de Ciências da Informação, conta aumentar essa percentagem para 50% dentro de 5 anos. O Nova certamente que contribuirá para isso.

{via reuters.com}

Relacionados

3 comentários

Feb 09 2009

FOSDEM 2009

Published by Bruno Miguel under notícias livres

Nos passados dias 7 e 8, Bruxelas foi palco da nona edição do FOSDEM (Free and Open Soure Developer Meeting).

Durante dois dias vários, milhares de pessoas puderam ouvir palestras sobre os mais diferentes temas, como distribuições de sistemas livres, kernel e segurança. Algumas dessas palestras foram dadas por pessoas como Mark Surman, director da Mozilla Foundation e Leslie Hawthorn, da Google.

Portugal também esteve representado neste evento. Membros da Caixa Mágica e ANSOL foram alguns dos presentes.

O FOSDEM é um evento anual, organizado por voluntários, que decorre na cidade de Bruxelas. O seu objectivo é promover o software livre.

{via tecnologia.terra.com.br}

Relacionados

1 comentário

Feb 03 2009

A aparente falta de união das comunidades de software livre nacionais

Published by Bruno Miguel under opiniões

Eu só conheço a filosofia Software Livre há quase 2 anos e rejo-me por ela há quase tanto tempo quanto isso. Primeiro mudei para o GNU/Linux (poderia ter escolhido uma BSD, mas optei por este) e fui abandonando o software fechado aos poucos. Foi um período a que chamei «desmame», o período em que o bebé deixa o seio da mãe e, numa analogia ao processo de desintoxicação que os dependentes de drogas passam, porque os malefícios do software fechado podem ser comparados aos do consumo de drogas pesadas, mas a nível social: ambos criam uma dependência da qual é muito difícil sair e retiram liberdade. Sei que não é muito tempo, e também sei que o meu conhecimento das comunidades nacionais em torno do software livre não é o maior, mas é a minha experiência.

A minha participação, a nível nacional, passa por escrever aqui no Programas Livres, recomendar software livre às pessoas (seja online ou em pessoa) e, numa prática paralela, passou por escrever sobre software livre no meu blog pessoal e no Webtuga, onde espero voltar a colaborar em breve. Também já colaborei com o Open Mania e tenciono colaborar mais vezes; no Tech4Pc também já escrevi sobre software livre, mas por decisão da equipa deste site a minha participação foi terminada. Sempre que me é possível, vou dando uma ajuda ao projecto DRM-PT.info. Fora isso, vou ajudando, dentro das minhas possibilidades, os membros da mailing list nacional do Ubuntu. Não é muito para mostrar, mas foram as oportunidades que me apareceram e foi o que consegui agarrar.

Talvez isto não seja suficiente para ter uma melhor imagem do panorama nacional a nível de comunidades de software livre, mas sinto que não há grande unidade entre elas. Parece que cada um puxa para seu lado - quase a roçar o clubismo - e estão todos dispersos, sem um ponto em comum para além do software livre. Pondo isto de uma forma mais simples: parece que não há um farol nas comunidades nacionais de software livre. Corrijam-me se estiver enganado, mas é esta a ideia que tenho.

Onde estão as iniciativas conjuntas? A troca de ideias entre as diferentes comunidades? O ver para além da própria iniciativa, para bem da iniciativa própria e da população em geral? Uma comunidade do Ubuntu a colaborar com uma do Fedora, do OpenSuse, com a ANSOL e o Programas Livres, por exemplo? Espero não estar a ser injusto porque esse não é o objectivo, nem quero passar a ideia de que estou a criticar alguém. Quero apenas deixar aqui a sugestão de unidade, para benefício do software livre e da população portuguesa.

Um agradecimento especial à Vanessa Quitério, que fez a revisão deste texto.

Relacionados

22 comentários

Feb 02 2009

FSFE lança campanha para promover leitores de PDF livres

Published by Bruno Miguel under notícias livres

Na sua luta pela liberdade tecnológica, a congénere europeia da Free Software Foundation (FSF) lançou uma nova iniciativa: pdfreaders.org. Neste site está disponível informação sobre o formato Portable Document Format (PDF) e com links para leitores de pdf livres para os diversos sistemas operativos.

No site pdfreaders.org, os utilizadores têm acesso a informação sobre o formato PDF, como questões de interoperabilidade e quais as versões do formato que estão certificadas pela ISO como formato livre. Também, está disponível uma lista com leitores de PDF livres para os sistemas operativos Windows, Mac OS X e os sistemas operativos livres existentes.

Alguns dos leitores de PDF livres recomendados são o Sumatra PDF, Okular e Evince.

Para Jan-Hendrik Peters, que, em conjunto com Hannes Hauswedell, coordena este projecto, « o software livre dá ao utilizador o controlo sob o software que usa, e os padrões abertos dão-nos (aos utilizadores) controlo sobre os nossos dados e permitem implementações por diferentes grupos». Com este projecto, quiseram mostrar que, «com o Portable Document Format as pessoas podem ter ambos»: o controlo que o software e os formatos livres permitem.

O site está disponível em vários idiomas, como Inglês, Francês e Italiano. Por enquanto, não está disponível em Português. Se quiserem ajudar a traduzir para a nossa língua, o projecto agradece.

Mais informações no comunicado oficial da FSFE.

Relacionados

Sem comentários

Jan 31 2009

Stallman - Defeito ou Feitio?

Published by Marcos Marado under Direitos Digitais

Este é um tema recorrente quando se fala de Software Livre: é impossível falar muito de Software Livre sem referir uma ou outra vez o seu pai, Richard Stallman. Para exemplificar, o Stallman já foi tema no PL quinze vezes, à data de publicação deste artigo.

Stallman é uma pessoa forte, carismática e peculiar. Tão peculiar que muitas vezes a comunidade do Software Livre se divide quanto à sua opinião perante Stallman: alguns admiram-no, outros abominam-no. Nada disso importa a esta coluna sobre “direitos digitais”, logo que não se quebre uma regra - que se respeite Stallman por aquilo que é. R. Stallman defende o que acredita - e muito tem feito quanto aos direitos digitais - e defende-o de forma íntegra, não atraiçoando os seus princípios. E isso é uma coisa difícil de entender e respeitar.

A falar disto, melhor do que em qualquer outro artigo que já tenha lido, está Paula Simões no seu recente artigo intitulado Stallman.

Assim, e com permissão da autora, o Programas Livres republica na íntegra o seu artigo:

Já há bastante tempo que tenho uma nota para fazer um post sobre o Stallman. Recentemente, aconteceu algo que me fez colocá-lo à frente de outros posts.

Costumo usar o FriendFeed, onde agrego um conjunto de aplicações web. Costumo ainda, e porque uso pouco o Twitter, enviar para este último o que partilho no FriendFeed.

Por estes dias, consultei a página do Richard Stallman e partilhei duas informações. Uma dela sobre países que não têm cartão de identificação nacional, que me surpreendeu e outra, já passada em 2005, sobre livros do Harry Potter, que foram vendidos por engano e cuja autora recorreu aos tribunais para impedir as pessoas que os compraram de os ler. Really!

Pouco depois recebi dois Tweets, sendo um deles um RT, em que se dizia que o sr. Stallman não usa o OLPC por o CPU poder correr Windows, terminando por o acusar de radicalismo. (Como o tweet nada tem a ver com a informação que partilhei, deduzo apenas que o seu objectivo era tentar mostrar-me que o sr. Stallman não é uma pessoa “fixe”)

Antes de mais, deixem-me explicar que isto não é exactamente assim. Vamos retirar os elementos identificadores, de forma a eliminarmos amores e ódios, e tentarmos perceber isto de forma imparcial:

- Uma pessoa A acredita, defende e apoia um conjunto de valores, opiniões

- Essa pessoa A começa a usar um produto de um projecto que promove esse mesmo conjunto de valores

- A certa altura, o projecto muda a sua orientação passando a apoiar um conjunto de valores contrários ao que a pessoa A acredita

- A pessoa A deixa de usar o produto do projecto e explica a quem pergunta que não apoia esse projecto.

Explicação da pessoa A:

Q: I know you have a OLPC XO.

RMS: The XO was inconvenient in several ways, but I switched to it anyway because it has a free BIOS. At the time I made the decision, every other laptop had a proprietary BIOS, and I was willing to accept some practical trouble to escape from that. But just as I was finishing the move to the XO, Negroponte was announcing that future versions of the XO would be designed to run Windows. As a result, I felt obliged to explain to everyone who saw the XO that I did not endorse the OLPC project.

Isto parece-vos radical? Chamem-me esquisita e mau-feitio, a mim parece-me coerente, natural e expectável.

Mas deixem-me ainda dar-vos dois exemplos de situações reais semelhantes:

O primeiro, vem do mundo dos livros.

Aqui há tempos, o escritor Lobo Antunes começou a organizar uma colecção de livros, para a sua editora, escolhendo e prefaciando os livros. Saíram dois: “A morte de Ivan Ilitch“, do Tolstoy e um título, de que não me recordo agora, do Alphonse Daudet. O sr. Lobo Antunes fez o prefácio e a editora colocou publicidade a outros livros e fez uma sinopse na contra-capa do livro do Tolstoy. O sr. Lobo Antunes não concordou com nenhuma destas iniciativas e deixou de criar a colecção.

Deixo-vos a explicação, do sr. Lobo Antunes, dada à Ler de Maio de 2008 (Se ainda conseguirem aconselho-vos a encontrar a revista - talvez numa biblioteca - e a lê-la na íntegra):

O que é que requer de uma editora?

O mesmo amor que eu pelos livros. Que este amor seja partilhado. Por exemplo, tinha a ideia de fazer uma colecção para pôr as pessoas a lerem livros.

Foram publicados dois até agora.

Sim, saíram dois e não vai sair mais nenhum.

Porquê?

Não posso conceber que no fim do livro do Tolstoy venha propaganda aos livros que lá estão. Não o posso conceber: Tolstoy não pode ter ninguém ao pé. Pediram-me um pequeno prefácio. No pequeno prefácio, eu tentava explicar o que era A Morte de Ivan Ilitch. Se era um livro sobre a morte, se não era um livro sobre a morte. Foi uma discussão que houve durante muito tempo. O livro é tão complexo e tão rico. Falava lá, pela rama, no Lukács, que negava que fosse um livro sobre a morte, etc., por aí fora. Contra-capa do livro: “Este livro aborda o tema da morte”. Dá vontade de não escrever mais para aquilo, não é? Quer dizer, não têm o direito de fazer isto ao Tolstoy. Primeiro, os livros não abordam nada, porque não são corsários. E, segundo, não é de facto um livro sobre a morte. Depois, o resumo da vida dele em sete linhas é uma coisa miserável. Orfão desde tenra idade - é mais ou menos assim - frequentou a universidade daqui e dali, sem ter acabado o curso. Bardamerda! O que é que isto interessa? Fiquei revoltado com isto tudo. Não se pode tratar assim um grande autor.

Diriam que o sr. Lobo Antunes é um radical? Chamem-me esquisita, mas eu considero estar em presença de um homem com carácter, que não se coíbe de abandonar um projecto (que até poderia ser pago) a partir do momento em que esse projecto vai contra aquilo em que acredita e defende.

O segundo caso, vem da área do jornalismo e está na Lei Portuguesa. Um jornalista que trabalha para um órgão de comunicação social pode fazer cessar o seu contrato com justa causa, caso haja uma modificação profunda na linha de orientação ou natureza desse órgão de comunicação social, invocando a cláusula de consciência.

Estatuto do Jornalista
(Lei n.º 1/99 de 13 de Janeiro)

Artigo 12.º

Independência dos jornalistas e cláusula de consciência2 - Em caso de alteração profunda na linha de orientação ou na natureza do órgão de comunicação social, confirmada pela Alta Autoridade para a Comunicação Social a requerimento do jornalista, apresentado no prazo de 60 dias, este poderá fazer cessar a relação de trabalho com justa causa, tendo direito à respectiva indemnização, nos termos da legislação laboral aplicável.

Parece-vos isto radical? A mim, não.

Onde alguns vêem radicalismo, eu vejo coerência. Talvez seja de mim, mas eu posso provar o que digo.

No ano passado, o sr. Stallman deu uma entrevista que pode ser lida aqui.

A certa altura, o entrevistador pergunta se o Stallman concorda com a ideia que quando a polícia pune quem usa software ilegal, isso é bom para o software livre. O sr. Stallman responde que é uma conclusão lógica, uma vez que se for mais difícil às pessoas usar software ilegal, alguns passarão a usar software livre.

Mas o sr. Stallman classifica logo de amoral, esta postura. Porquê? Porque a ideia base do software livre é que impedir a partilha e alteração do software é uma injustiça, e por isso não devemos aplaudir a punição feita.

Uma pessoa que continua a defender as suas ideias e aquilo em que acredita, mesmo quando isso pode ser prejudicial à sua causa é, na minha óptica, uma pessoa de carácter, coerente e que não se vende facilmente.

Deixo-vos o excerto da entrevista:

Q: Some GNU/Linux and free software fans think that non authorized copies of proprietary software (that are widely used in our country, Italy) are a brake on free software spread. So, when police punish who uses non authorized copies, fans are happy. They think: “Ok, ‘cracked’ Microsoft Windows users will install free software now”. Are these fans in right or not?

RMS: At the tactical level, their conclusion is logical: if it were more difficult to copy Windows, it would be more expensive to use, and the price would send some users towards GNU/Linux and other free systems.
If just increasing the usage of these systems were our ultimate goal,it would be rational to applaud the repression of sharing of non-free software.
But that kind of thinking is amoral. We must not applaud an act of repression, even if we think that it will backfire and drive people to rebel.
The basic idea of the free software movement is that stopping people from sharing and changing software is an injustice. When the police punish people for sharing, they commit an injustice. We must not call this a good thing!


Paula Simões é investigadora nas áreas de Humanidades e Novas Tecnologias. Escreve regularmente no seu blog pessoal.

mmarado Stallman Defeito ou Feitio? Marcos Marado escreve no
PL ao Sábado sobre Direitos Digitais.
Podem
encontrar mais artigos como este no seu blog pessoal.

Relacionados

2 comentários

Jan 22 2009

Leitores da revista Linux Format elegem KDE como projecto de software livre do ano

Published by Bruno Miguel under notícias livres

O gestor de desktop livre KDE foi escolhido, pelos leitores da revista Linux Formato, como o projecto de software livre do ano.

Quando foi lançada a versão 4.0 do KDE, este projecto foi alvo de alguma polémica. Vários utilizadores deste gestor de desktop afirmavam que o projecto não devia ter sofrido uma reestruturação tão grande, outros defendiam que Aaron Seigo e companhia não deviam ter lançado a versão 4.0 com tão poucas funcionalidades e “problemas”. O descontentamento foi de tal forma grande que o Aaron Seigo teve que, a dada altura, desactivar os comentários no seu blog pessoal.

Apesar disto, o KDE é tido como o grande projecto de software livre pelos leitores da revista Linux Format. O forte desenvolvimento de que tem sido alvo é a razão apontada pela revista para este projecto ter conseguido superar “adversários” como o Apache e o Firefox, e arrecadar o prémio.

Para além do KDE, os projectos ligados a este gestor de desktop, Amarok, o Qt e o Konqueror, foram reconhecidos pelos leitores da Linux Format.

{via KDE.News}

Relacionados

3 comentários

Jan 15 2009

«ANSOL não esteve pelos ajustes»

Published by Bruno Miguel under locais

O Marco Santos, o autor do conhecido blog Bitaites.org, fez cinco perguntas ao Rui Seabra, o vice-presidente da Associação Nacional para o Software Livre (ANSOL), sobre o projecto Transparência na AP.

As perguntas e as respostas que, tal como o restante texto, foram publicadas pelo Marco sob uma licença cc-by-nc-sa-2.5-pt (e que estão disponíveis neste post sob a mesma licença), ficam aqui transcritas.

* * *

A intenção da ANSOL foi, em primeiro lugar, denunciar os contratos entre a Administração Pública e a Microsoft - é uma luta antiga. Foi isto que os levou a considerar que falta transparência à Administração Pública?
Rui Seabra - A nossa intenção nunca foi essa. Tivemos algumas denúncias de casos extremamente avultados quando o Base ainda tinha poucas páginas na listagem de ajustes directos, e percebemos logo que aquilo não escalava para os cidadãos. Sentimos que era necessário fazer algo para resolver esse problema.

No período de testes do vosso «script» já tinham detectado estas situações ou os resultados que diversos bloggers têm obtido surpreenderam-vos?
R. S.  - Temos que confessar que tudo o que tínhamos encontrado que consideramos curioso, foi largamente superado pelo que a comunidade de cidadãos interessados encontrou.

É possível que algumas entidades visadas se justifiquem com «erros de informática». Tendo em conta o elevado número de casos e despesas absurdas, é possível traçar um cenário plausível em que esses erros possam ocorrer? Por exemplo, considera que existiu na introdução dos valores um erro sistemático ou um conjunto de erros aleatórios?
R. S. - O próprio Base é um exemplo de «erro de informática» no ponto de vista da usabilidade. Se a parte que os cidadãos vêm é assim tão má, pergunto-me como será o interface que é disponibilizado à Administração Pública… Contudo, acho pouco razoável que a elevada quantidade de valores estranhos seja justificada apenas com erros de duas casas decimais não consideradas na introdução dos dados.

Considera plausível que não tenha sido feita uma validação dos resultados depois de inseridos, como sucedeu há cinco anos quando o Ministério da Educação publicou uma lista de colocação de professores repleta de erros?
R. S. - Considero um erro básico de design que o Base não implemente os limites e excepções previstos por lei. Se os implementasse, certamente não apareceriam de ânimo leve certos tipos de valores. Exemplos: mais de 14 milhões de Euros da AMA (Agência para a Modernização Administrativa) para a Microsoft, via Prológica; 5,5 milhões de Euros da FTC-UC para a Microsoft via Datainfor, que estranhamente deixou de aparecer nas listagens do Base embora continue lá.

Tirando o exemplo dos 14 milhões de Euros gastos com a renovação de licenças de software Microsoft, qual foi a despesa que mais o chocou?
R. S. - Digamos que não foi o papel higiénico pois existem rolos industriais que custam muito mais do que rolos normais no supermercado. Embora desconheça o valor por rolo, o valor por folhinha é certamente mais baixo. Estou surpreendido com os preços dos sítios web. É um perfeito exemplo de algo que uma equipa de qualidade na Administração Pública especializada em Software Livre poderia resolver transversalmente, aplicando racionalidade e eficiência na face de interactividade on-line com o cidadão.

Relacionados

1 comentário

Seguinte »