Jan 17 2009
Um início de ano agitado
O ano de 2009 começa com muitas novidades, no que diz respeito a Direitos Digitais. Um pequeno resumo:
A banda Nine Inch Nails viu o seu álbum “Ghosts I-IV” em primeiro lugar no top de vendas, apesar de ser gratuito e licenciado com uma licença Creative Commons. Vêm-se assim dissipadas todas as questões sobre a viabilidade das licenças Creative Commons e dos conteúdos livres, muitas vezes desdenhadas pela auto-intitulada “indústria de conteúdos”. E para provar que na liberdade está o seu ganho, a banda decidiu divulgar a existência - gratuita - de 400Gb de vídeos da banda em concertos em formato HD, disponíveis para download.
Continuando no tema dos direitos de autor, de destacar um acontecimento caricato: Ubiergo, presidente da Sociedade Chilena de Direitos de Autor, apresentou a nova Lei para o combate à pirataria usando uma versão ilegal do Microsoft Office.
A Nova Zelândia decidiu implementar algo ainda mais tortuoso que a resposta gradual, e na Europa a FFII apresentou queixa contra Conselho de Ministros da UE visto este se ter recusado a acabar com o véu de secretismo em relação ao Anti-Counterfeiting Trade Agreement (ACTA) e a facilitar a divulgação pública de uma serie de documentos confidenciais sobre essa acordo de combate à pirataria e outros tipos de infracções ao direito de propriedade intelectual.
O iTunes Music Store vai finalmente deixar de vender música com DRM. Mas não deitem já foguetes: não só o DRM deixa de existir na música mas continua a existir no resto dos conteúdos (como Vídeo), como quem já comprou música com DRM nessa loja não pode agora ter acesso à música sem DRM, a não ser que pague 30 cêntimos por música - e terá de o fazer para todas, ou não poderá fazê-lo a nenhuma. Para colmatar, pouco depois deste anúncio começou a indignação da parte dos clientes: apesar de já não haver DRM, as faixas vêm com um tipo de “Social DRM” um nome pomposo e com aspecto “bondoso” para aquilo que na realidade é watermarking anti-social.
Em Julho do ano passado foi criticada a política deste governo quanto ao software, falando sobre as desvantagens do software proprietário, principalmente no que diz respeito à segurança e à defesa. Este mês a comunicação social noticiou um vírus no sistema informático do Ministério da Justiça. O Ministério da Justiça acha que “não houve intencionalidade e que não forram realizadas cópias de qualquer tipo de informação”, mas a realidade é que o que devia ser questionado é “como é que isto aconteceu” e “como garantir que não volta a acontecer”. Meter em causa os fornecedores de software e dos serviços de informática contratados por este Ministério, levantar responsabilidades… Isso sim, merecia ser feito.
Finalmente, a blogosfera inflamou-se esta semana com a mais recente ferramenta desenvolvida pela ANSOL, Transparência na AP. A cobertura do acontecimento foi feita no Programas Livres, e aconselho vivamente a sua leitura.